O currículo do Jardim da Infância tem como filosofia: aprender fazendo, pois acredita que a atividade é fruto de uma vida ativa. Tudo o que é feito deve ter como objetivo um esforço para realizar um propósito ou um ideal. Cada tarefa nasce de outra já em funcionamento, conduzindo a outro assunto de forma orgânica, natural. Para tal, é de suma importância que o educador saiba em que momento, na experiência do educando, o novo tópico deve brotar do velho.
Para Froebel, as atividades realizadas pelas crianças relacionam-se com a vida social que as cercam. O estímulo de um desenvolvimento dos sentimentos sociais está fortemente relacionado ao poder produtivo, logo, a expressão dos objetos e necessidades internas deve sempre integrar-se com o meio social e com um propósito comum.
Objetivos
O jardim da infância visa possibilitar brincadeiras criativas, que são permeadas por materiais escolhidos previamente para oferecer o máximo de oportunidade de geração do lúdico. O objeto, então, é importante não só por sua função, mas também por o que se pode fazer dele. Toda e qualquer instrução quer construir hábitos, habilidades, força de vontade e caráter nas crianças.
Brinquedos, jogos e brincadeiras
O pai do jardim da infância vê a importância dos trabalhos manuais, uma vez que eles despertam o germe do trabalho (que é uma imitação da criação do universo por Deus). Para estimular o aprendizado por meio das brincadeiras, Froebel cria objetos (compostos por círculos, esferas, cubos e outras formas), a que chama de “dons” ou “presentes”. Seus usos dependem do domínio de regras que garantem o bom aproveitamento pedagógico. Eles são feitos de material macio e manipulável, geralmente com partes desmontáveis. Com os mais velhos (crianças entre 6 e 10 anos), as atividades construtivas são variadas, passando para atividades comunitárias (a exemplo da construção coletivas de jardins).
As brincadeiras, por sua vez, são acompanhadas de músicas, versos e dança e são previstas, quase sempre, ao ar livre para que a turma interaja com o ambiente (influência da infância do próprio Froebel, que explorava a natureza ao seu redor). As histórias, os mitos, as lendas, os contos de fadas e as fábulas tinham um enorme valor para estimular o lúdico. Para Froebel, enquanto os brinquedos físicos dão força e poder ao corpo, as histórias desenvolvem o poder da mente.
O brinquedo como símbolo
Froebel sente-se atraído ao simbolismo, uma vez que ele percebe que as crianças podem atribuir um significado ao material que utilizam ao brincar. Por exemplo: ao brincar com um taquinho de madeira, este pode se transformar em um animal, em um carrinho ou, até mesmo, em uma boneca.
Esta ideia também é defendida – anos mais tarde – por Vygotsky, que aborda em seus estudos a relação entre a brincadeira e o objeto não real, como no caso de uma vassoura é montada como se fosse um cavalinho. Para Vygotsky, quanto mais diferente a brincadeira for do real uso do objeto, mais a imaginação foi empregada pela criança, ajudando-a a distinguir as diferenças entre o objeto concreto e a ideia da brincadeira. Isso a auxilia a constituir um passo importante para a abstração.
Referências:
ARCE, Alessandra. Brincar - O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade. In: Portal Educação.
Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/5756/brincar-o-jogo-e-o-desenvolvimento-infantil-na-teoria-da-atividade. Acesso em 22 de março de 2011.
EBY, Frederick. História da Educação Moderna: séc. XVI/séc. XX – teoria, organização e prática educacionais. Tradução: Maria Ângela de Almeida, Nelly Aleotti Maia, Malvina Cohen Zaide. Porto Alegre: Globo; Brasília: INL, 1976. Páginas 340 a 461.
FERRARI, Márcio. Friedrich Froebel, o formador das crianças pequenas. In: Nova Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/formador-criancas-pequenas-422947.shtml?page=0. Acesso em 19 de março de 2011.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993. Páginas 87 a 106. Série Educação.
LEONTIEV, A.N., LURIA, A.R., VIGOTSKI, L.S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Página 149. 7ª ed. – São Paulo: Ícone, 2001.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky – Aprendizado e Desenvolvimento – Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione.
Nenhum comentário:
Postar um comentário