domingo, 27 de novembro de 2011

História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas

“Se o analfabetismo é maior entre os negros e os maiores índices de pobreza estão entre os não brancos, vamos ver claramente que a pobreza e as dificuldades salariais e de acesso à universidade têm cor no Brasil. E essa cor é negra. Então precisamos, sim, enfrentar esse racismo na escola e na sociedade”. 
(Viviane Fernandes Faria, diretora de políticas para educação no campo e diversidade do MEC) 

No dia 22 de novembro, o site do Ministério da Educação publicou uma notícia para informar toda população sobre a distribuição de livros didáticos que abordam a história e a cultura africana e afro-brasileira e dois volumes-síntese da obra completa da História Geral da África, com conteúdos relacionados à história, cultura, economia, política e arte, durante o ano de 2012. As obras, destinadas a todos os estudantes da rede (desde a Educação Infantil até o Ensino Médio), objetivam “proporcionar aos alunos a compreensão do desenvolvimento histórico dos povos africanos e de sua relação com outros povos, a partir de uma visão objetiva do continente africano”. 

Esta iniciativa está pautada na Lei 10.639, de 2003, que altera as diretrizes e bases da educação nacional e inclui na base comum do currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”. 

Mia Couto
Ao ler a publicação do MEC fiz uma grande reflexão: Será que este é o caminho para a abordagem desta temática? Como fazer os alunos terem orgulho de pertencerem a uma cultura afro-descendente? As escolas estão preparadas para orientar a leitura dos alunos (digo não só a leitura das obras em questão, mas falo também sobre todas as leituras que os educandos precisam realizar)? Lembrei-me, então, do dia em que ouvi o escritor Mia Couto falando das proximidades e diferenças entre Brasil e seu país de origem, Moçambique. Algo que me chamou a atenção dizia respeito ao fato de os moçambicanos não só conhecerem, mas também se influenciarem pela cultura brasileira, uma vez que as nossas novelas são muito assistidas por lá... Lamentei, então, a falta do espaço dos programas africanos em nossa TV. 

Não consigo dizer se apenas a distribuição de livros didáticos seja o melhor caminho para disseminação da cultura afro; contudo, fiquei pensando no que faria se eu fosse professora destes alunos. Tentaria articular as atividades de sala de aula e as leituras realizadas em casa com a Sala de Leitura / Biblioteca e o Laboratório de Informática da escola. O trabalho com a pesquisa permearia tudo, assim como a articulação comparada entre o Brasil e os diferentes países africanos. Sobre isso, poderia articular as aulas de Língua Portuguesa com a História, Geografia, Biologia, Matemática, ao comparar os relatos dos livros com a realidade das diversas Línguas, das densidades demográficas, da fauna e da flora, das desigualdades sociais, dos esportes... 

Dividir os alunos em grupos, dar a cada grupo uma tarefa diferente, fazer com que os estudantes busquem e troquem informações, usar os livros didáticos distribuídos como base de estudo, não como única fonte – podem ser estratégia para orientar o uso desse material e, ao mesmo tempo, provocar a construção do aprendizado de forma útil, divertida e que fique por toda a vida. 

Espero realmente que a distribuição destes livros fomente nos alunos a vontade de conhecer a cultura africana e que os brasileiros possam se encantar por esta literatura como eu me encantei. 


Referências: 
MASSETTO, Marcos Tarciso. Um plano e seus componentes. In: Didática a aula como centro. São Paulo: FTD, 1994 (Coleção Aprender e Ensinar). Páginas 86-103. 

MEC. Cultura e História africanas chegam às escolas públicas. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17259 – Acessado em 27 de novembro de 2011, às 10h30. 

Planalto. Lei nº 10.636, de 9 de janeiro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm – Acessado em 27 de novembro de 2011, às 10h40.

3 comentários:

  1. Gostei do texto, bastante. Acredito que o real desafio desse aprendizado seja a integração. Assimilar tudo à realidade e entender que preconceito é burrice, em todo lugar, e todos os aspectos.

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    1. Um grande desafio mesmo!
      Ainda mais porque muitos professores carregam essa visão preconceituosa, infelizmente!

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