Hoje fui visitar uma instituição que
está em gestação. Explico: fui a uma instituição que está nascendo, começando
quase que do zero. Então, não podia deixar de compartilhar a minha experiência
de anos em ONGs de ressaltar o que vejo de bom pelas instituições que acompanho
e de alertar para os erros mais comuns ou para os aspectos que merecem mais
atenção.
Ao fim do encontro, estava exausta,
mas feliz por ter ajudado numa reflexão profunda e intensa que a direção
recém-constituída terá. Foi interessante poder resgatar aquela garotinha que
começou fazendo um trabalho voluntário e que, de uma forma ou de outra,
cresceu, sobreviveu. Parece que não, mas 8 anos de buscas, improvisos e
adaptações fazem muitas diferenças.
O “por onde começar?” que pairava e
a alternativa que 99% das organizações veem ganhou uma ponderação: vale mesmo a
pena ser dependente de convênios da Prefeitura?
É claro que ser parceiro de um órgão
público passa/serve a todos como uma mensagem de “somos organizados, sérios”.
Não é qualquer um que consegue ser um prestador de serviço do poder público
seja em qual área for – educação, assistência social, saúde e cultura (que são
as mais comuns). Por outro lado, depender tão somente desta verba é enfraquecer
a sustentabilidade financeira da ONG e, embora isso pareça óbvio, é a forma
como muitas instituições se mantêm...
Captar recursos é algo cada vez mais
difícil no terceiro setor. Se de um lado temos órgãos públicos e privados
querendo investir nos diversos trabalhos realizados; de outro, encontramos um
grau de exigência cada vez maior. Ter clareza em quem é o público atendido,
qual é o objetivo do trabalho realizado e provas do que é feito ajuda e muito! O
investidos quer saber onde o dinheiro/tempo/recursos físicos dele é investido e
a organização tem que lhe apresentar um panorama seja quantitativamente (números
de cursos, de pessoas inscritas, desistentes e formadas etc.), seja qualitativamente
(como o trabalho impacta na vida das pessoas, como transforma a vida da
comunidade local etc.). Ter todos estes dados à mão é fácil quando se é
organizado e se tem indicadores que possam mensurar tudo isso.
Estas e outras reflexões foram as
que eu apresentei para a equipe com quem me reuni. Parece que não, mas tudo
isso, todas estas escolhas e processos são difíceis para quem está começando.
Tantos problemas sociais a serem enfrentados, por qual e – o que é mais difícil
– como começar?! São muitos os
pormenores envolvidos: formalização, mapeamento e atendimento da população alvo,
captação de recursos, comunicação, registro, formação de equipe e da equipe,
elaboração de um projeto político-pedagógico, criação de vínculo com a
comunidade, toda a parte administrativa e de infraestrutura...
Nesta vida já vi muita gente que
acha que o trabalho do terceiro setor é fácil, é simples, é doado ou, como
costumo dizer na informalidade, “é várzea”; quando, na verdade, as instituições
estão buscando cada vez mais provar que o seu trabalho é tão sério quanto o do
secundo setor. Esta seriedade é, sem dúvida, o caminho.
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