domingo, 24 de junho de 2012

Professor na era da tecnologia

Vi este infográfico na página do facebook Tecnologia Educacional e Sustentabilidade e resolvi compartilhar, porque acredito nisso e busco ser assim.

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ações que transformam o nosso dia a dia

Estou lendo o livro O que a vida me ensinou, escrito pelo Mário Sérgio Cortella. Nele, deparei-me com um texto que aborda uma temática que eu gosto muito: como fazer facilitar a prática pedagógica em nosso dia a dia. Como tudo o que já vi, ouvi e li deste filósofo, o que ele diz é prático e possível de tornar real. Segue a transcrição abaixo.
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A diferença está na atitude¹
(Por Mário Sérgio Cortella²)




Hoje a maioria dos pais trabalha por mais tempo e, mais distante, e não tem como acompanhar direto o cotidiano dos filhos- e menos ainda o processo de aprendizagem, a evolução na escola. Para isso, recomendo duas providências. A primeira se resume a um simples olhar nas lições que foram feitas durante o dia. Olhar não é vigiar, que é uma agressão. É supervisionar. Há uma enorme diferença de postura, de atitude entre uma coisa. Quem dá uma festa supervisiona os convidados, não os vigia.

A segunda providência exige humildade dos pais perante os filhos. Normalmente, quando uma criança chega da escola, a mãe, ou o pai, chama-o e pergunta, parecendo que está fazendo uma auditoria: “E aí, filhão, o que você aprendeu hoje?”. Mas dá para fazer muito melhor mudando a pergunta: “E aí, filhão, o que você pode me ensinar hoje?”. A resposta provavelmente será a mesma. A diferença está na atitude. Isso vale para a família, para a comunidade, para as empresas. Auditoria é a caça ao culpado para aplicar punição, enquanto avaliação é análise de processos para alcançar melhorias.

A possibilidade de que o outro se pronuncie gera uma disponibilidade, cria uma oportunidade para o relato. Muitos pais, muitos educadores reclamam que os filhos não estão abertos ao diálogo. Isso só é verdade quando não se estabelece uma ponte com eles, ignorando um dos princípios básicos da política: Não se queimam pontes. Só com pontes se estabelecem conexões. Se não há diálogo com os jovens, é porque pais e educadores não encontram a ponte para se conectar com eles. O maior prazer do ser humano, não importa a idade, é falar de si mesmo. Outro grande prazer é ensinar, pois ensinar é uma afirmação de valor, do seu próprio valor.

Pergunte a um jovem como funciona um programa do computador, como baixar uma música da internet, como mudar a aparência da tela do celular. Num primeiro momento, ele pode até reagir com uma risada, com aquela cara de “não vai me dizer que você não sabe fazer uma coisa tão fácil?!”. Tudo bem, os pais precisam estar preparados para ouvir isso, até porque eles também fazem o mesmo com os filhos em relação a outros assuntos, como uma operação matemática ou a capital de um país. Mas, num segundo momento, se os pais demonstram interesse sincero pelo que o filho pode lhes ensinar, imediatamente cria-se uma ponte, estabelece-se uma conexão. Há aqui uma constatação óbvia, mas que muitas vezes é negligenciada: só sabe ensinar quem sabe aprender. Se eu peço a um jovem que me ensine alguma coisa, isso gera não só uma oportunidade para que ele se valorize como também cria uma predisposição para que ele me escute na hora que quero ensinar algo.

Se você quer mesmo saber algo de alguém, não o investigue nem o interrogue. Isso só fará com que a pessoa se sinta pressionada, acuada. Mas, se tem interesse legitimo em conhecer algo, se quer uma resposta sincera, pergunte: “O que você pensa disso?”, pois essa é uma pergunta que pressupõem uma troca. Todo mundo aprende melhor quando há a possibilidade de ensinar alguém. E todo mundo ensina melhor quando há chances de também aprender. Em outras palavras, quando existe uma condição de respeito e igualdade. E igualdade, no caso, não é financeira, de classe social nem nada disso. É uma igualdade expressa numa clássica frase do grande educador Paulo Freire, meu mestre: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho. As pessoas se educam reciprocamente mediatizados pelo mundo”. Isto é: eu não sou apenas o líder, sou também o liderado. Não sou apenas chefe, mas também liderado. Não sou apenas professor, sou também “aprendente”.

Pais e filhos aprendem a sê-los juntos e se ensinam reciprocamente – o pai ensina o -ao mesmo tempo em que o filho vai ensinando o pai a ser pai. A própria relação faz com que um mude o outro. Eis, inclusive, uma coisa que vale para todas as relações pessoais, o que torna ainda mais curiosa aquela frase em tom de exclamação que todo mundo ouve mais cedo ou mais tarde, aquele fatídico “quando eu te conheci, você não era assim”. Mas é claro que eu não era! Pois quando eu te conheci, eu era “sem você”. E, quando eu me tornei alguém “com você”, passei a ser diferente, pois não sou impermeável à mudança. A convivência traz mudanças. A coerência contínua é sinal de loucura – uma das maiores características da loucura é nunca ter dúvidas, é pensar como faz e fazer como pensa.

Convicção absoluta é loucura plena. Quem não tem dúvida faz sempre do mesmo modo. Quem tem dúvida se inova, se reinventa.
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¹CORTELLA, Mário Sérgio. A diferença está na atitude. In: O que a vida me ensinou. São Paulo: Saraiva : Versar, 2011. 3ª edição. Páginas 17-20.

²Mário Sérgio Cortella, filósofo, Mestre e Doutor em Educação pela PUC-SP, na qual é docente desde 1977. Nela, é professor-titular do Departamento de Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação; por 32 anos atuou também no Departamento de Teologia e Ciências da Religião. Foi Assessor Especial e Chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (1989-1991), a quem substituiu no cargo de Secretário (1991-1992). Professor-convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV/SP, escreve regularmente artigos em revistas e jornais de circulação nacional e participa como âncora, debatedor e comentarista) de programas de televisão e rádio. Consultor e conferencista nas áreas de Filosofia, Ciências da Religião, Ética e Responsabilidade Social, Educação e Gestão do Conhecimento em universidades, redes de ensino, organizações da sociedade civil e empresariais.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Diálogo e o Tema Gerador

Paulo Freire (1921-1997) ainda é um dos maiores educadores e filósofos do Brasil. Para ele, a educação trata-se muito mais de uma Teoria de Conhecimento do que uma metodologia de ensino propriamente dita, uma vez que tem como o objetivo ampliar a visão de mundo daquele que aprende durante o processo de construção do conhecimento. 

O trabalho com educação popular, enraizado em Freire, luta contra a massificação do conhecimento, pela superação da opressão, levando o educador a ensinar de forma global e interdisciplinar; contrariando, assim, o método tradicional (a que Freire se refere muitas vezes por “educação bancária”, já que o ensino clássico vê o aluno como um depósito em que o professor apenas despeja conteúdo). Freire vê a educação ser construída por meio do diálogo que respeite o educando em sua plenitude. É por meio desse diálogo que as pessoas tornam-se críticas e autônomas. É por meio dessa autonomia que o educando percebe-se como cidadão e aprende. 

Mas em que se consiste esta “dialogicidade da educação”?! Nas próprias palavras de Paulo Freire, “o diálogo é este encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu”¹. Em outras palavras, o diálogo é um processo que só acontece quando educador se despe de preconceitos e ideologias que pressuponham o educando como um pote vazio a ser preenchido com conhecimento. Só há diálogo quando educador e educando encontram-se em uma perspectiva horizontal, em que ambos têm responsabilidade na construção do saber, uma vez que ambos têm conhecimentos e vivências em diferentes áreas que podem ser somadas na edificação desta sapiência. Neste sentido, o diálogo é importante na proposta freireana, pois faz a ponte entre o estudo da realidade trabalhada ao longo dos processos de leitura de mundo e de coleta de dados (fala do educando) e o processo de problematização desse mundo/dados (fala/apoio do educador). 

O tema gerador é uma decorrência do diálogo entre educandos e educandos e entre educandos e seu educador, que têm o mundo como meio de dialogicidade. Como seu próprio nome já sugere, é do tema gerador que nasce o conteúdo a ser trabalhado ao longo do curso. 

Sonia Couto Souza Feitosa, educadora e estudiosa de Paulo Freire, afirma sobre o tema gerador que 
Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada "invasão cultural" ou "depósito de informações" porque não emerge do saber popular. Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso conhecer o aluno. Conhecê-lo enquanto indivíduo inserido num contexto social de onde deverá sair o "conteúdo" a ser trabalhado.²
É importante ressaltar que só conseguimos chegar a um tema gerador, quando temos uma reflexão crítica das relações entre os homens e o mundo e das relações entre os homens entre si. É papel do educador conhecer bem a sua turma e estimulá-la para que possa ampliar sua visão de mundo em relação a esses tipos de trocas e provocá-la para que o tema gerador seja escolhido a partir do interesse comum de todos. 

Quando um educador faz o uso do diálogo para chegar em um tema gerador, ele compartilha da visão freireana de fazer educação com o povo e não para o povo. Isto não isenta, entretanto, sua intenção enquanto educador. Todo educador deve ter uma intenção por trás de uma atividade, e o próprio Freire afirma que não há uma educação neutra. É importante, portanto, se questionar em torno de que se dará este diálogo, para saber como trazer da turma um tema gerador e saber como se trabalhar com ele. Esse “trabalhar” com o tema gerador deve partir do pressuposto de criar uma ação sobre o assunto escolhido pelo grupo para “re-criar” a realidade de uma forma crítica e consciente. Esta ação deve ser fruto do desafio lançado pelo educador aos educandos e deve resultar em uma reflexão de todos os envolvidos na ação sobre seu papel na sociedade em que agem. 

Tema gerador define-se, portanto, como o ponto de partida para o aprendizado permeado pelo diálogo. Quando os educandos aprendem com algo que diz respeito ao seu mundo, agem com afinco e se apropriam do conhecimento com mais facilidade, não importando se o conteúdo for línguas, matemática, ciências ou informática. A transformação acontece aliando algo que é desejo dos educandos (tema gerador escolhido pela turma) e que é o objetivo do educador (o conteúdo do curso). É justamente isso que gera o saber.

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Referências:
¹FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª edição, 1987. Página 45. ²FEITOSA, Sonia Couto Souza. Método Paulo Freire: princípios e práticas de uma concepção popular de educação. Tese de Mestrado, FE-USP (1999).

terça-feira, 12 de junho de 2012

Autoavaliação: o primeiro semestre de Práticas e Projetos Educacionais


Perdi as contas de quantas vezes comecei, apaguei e recomecei este texto. Então, resolvi – de forma arriscada – deixar o academicismo de lado e tentar algo mais intimista para ver se esta autoavaliação sai. Tentei várias técnicas (seguir ordem cronológica, foi uma delas), mas o fato é que “olhar pra trás”, quando feito de forma verdadeira traz muitas lembranças e sentimentos misturados. É justamente sobre esta miscelânea que eu quero (tentar) falar aqui.
Esta disciplina trouxe uma profunda reflexão da prática pedagógica que tinha desde que comecei a lecionar em ONGs.
Começo pela releitura de Pedagogia da Autonomia. Já havia lido trechos deste livro há tempos, mas reler Paulo Freire – assim como reler Machado de Assis – é sempre uma experiência única. Com a leitura de Pedagogia da Autonomia, revisitei e, mais do que isso, resgatei o que creio ser a essência do meu eu-educadora; que, por algum motivo, estava se perdendo na rotina do meu trabalho fora das salas de aula. Mais uma vez esta necessidade de lecionar para contribuir com um processo de ensino e aprendizagem seja significativo para os estudantes ganhou força. Este reencontro com Freire me fez lembrar vários por quês e me deu força para continuar na luta.
Sobre as microaulas, a princípio eu pensei que seria um pouco maçante, afinal, os temas das primeiras são comuns a quase todas as disciplinas do curso de Formação de Professores. Entretanto, fui surpreendida positivamente, já que vi meus colegas de turma se empenhando para transformar temas que, teoricamente são “batidos”, em algo interessante.
Cada uma delas trouxe um novo olhar para velhas questões. A relação professor e aluno me fez pensar novamente em tudo o que carrego de bom e de ruim dos docentes que passaram na minha vida. Já as que abordaram o bullying me fez lembrar daquilo que Vygotsky tanto defente: as relações sociais; ao passo que ainda me trouxe uma questão à tona: como o professor se prepara para incluir a todos, tratando cada um de uma maneira única; e, ao mesmo tempo, falar da importância da coletividade?! Isso foi importante para que eu busque me aperfeiçoar nas diversas formas de inclusão e para que eu procure as melhores estratégias para que meus futuros alunos percebam a importância do respeito à diversidade dentro de um grupo, evitando assim, os atos de violência.
De todos os temas abordados até agora, o mais contundente na minha vida foi o dos últimos encontros, a cerca da Profissão de Professor. O que faz de um professor um profissional excelente? Quais são as competências e habilidades que ele precisa ter? Quais são os chamamentos que as futuras gerações precisarão quando o assunto é educação? O quanto falta de caminho a percorrer para que eu atinja o grau de excelência?! Tudo isso gira em todo na minha cabeça desde as últimas aulas. E quanto mais me faço essas perguntas, mais sinto vontade de lutar para ser a melhor. Não no sentido de competitividade com outros profissionais – longe disso! Sei o quanto posso aprender com eles! – mas ser a melhor, no sentido de me doar ao máximo para desenvolver um trabalho de qualidade com e para os meus futuros educandos.
Além disso, o que dizer da minha declaração sobre o meu “preconceito” com o pessoal da Educação Física?! A reação de todos foi engraçada. Talvez, a maior surpresa tenha sido a coragem e a espontaneidade de falar sobre isso abertamente. De fato, esta é uma reflexão que venho fazendo há algum tempo: voltando ao que disse no começo, sempre carreguei marcas negativas dos profissionais da Educação Física e, graças ao modelo da nossa formação, pude perceber professores desta área dedicados e empenhados – às vezes, até mais do que os meus colegas de Letras, infelizmente.
Ser professora é um sonho que carrego comigo desde a infância e que tem se tornado cada vez mais difícil de realizar... Contudo, sou brasileira e não desisto nunca!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Debate Princípio da Legalidade na relação e nas ações do Conselho Tutelar

Mais uma informação que vi no facebook: Debate Princípio da Legalidade na relação e nas ações do Conselho Tutelar. Penso que é importante compartilhar este tipo de debate, porque muitas pessoas têm dúvidas sobre as funções do Conselho Tutelar.

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Eu e o preconceito com a Educação Física

Símbolo da Educação Física
O tema da aula era Profissão Professor. Já no início do debate, nossa colega de turma – responsável pela condução da atividade – lança a pergunta: para que o professor seja reflexivo, é necessário que tenha uma formação reflexiva; vocês acham que nós temos uma formação inicial assim?

A pergunta veio de encontro a uma reflexão que já estava na minha cabeça há tempos e que resolvi externar, para espanto dos meus colegas de turma: Eu, antes de entrar no curso de Formação de Professores, tinha preconceito com o pessoal da Educação Física.

O fato é o seguinte: nunca tive professores bons de Educação Física – salvo a professora Koka, que era espetacular. Nunca vi um profissional da Educação Física trabalhando integradamente com os outros professores, das outras disciplinas. Nenhum deles despertou em mim um desejo pela prática da atividade física...

A Educação Física, para mim, sempre foi sinônimo de desastre total, de tempo perdido, de passar vergonha na frente dos amigos (afinal, meu saque nunca passa da metade da quadra...)... até que eu cresci, resolvi estudar em uma universidade que tinha a licenciatura separada do bacharelado e tive que aprender a conviver com as diversas áreas, incluindo a Educação Física.

Foi no curso de Formação de Professores que conheci profissionais da Educação Física comprometidos – às vezes, até mais do que os das outras áreas – que estão querendo fazer a diferença na formação de seus alunos. Desde então, meu respeito e admiração por eles cresce a cada dia.

Se a minha formação inicial como professora não tivesse esse diferencial de ser junto com biólogos, filósofos, artistas, colegas de letras e da educação física, a probabilidade de não ver a educação de maneira interdisciplinar seria grande. Este é, sem dúvida, um grande diferencial na minha formação. Hoje, consigo pensar tranquilamente em atividades/projetos integrados com as outras áreas, que contribuem muito mais do que apenas as aulas das Línguas Portuguesa e Inglesa.

Fico feliz que o espaço da licenciatura me abriu as portas para que eu pudesse acabar com este preconceito inútil. Fico feliz por ter conhecido pessoas tão bacanas, que me fizeram ver o ser humano de forma integral – ultrapassando as fronteiras da teoria.

(Quem sabe até o fim do ano eu não deixo essa vida sedentária de lado?! Hehehe)
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PS: Thamyris, Jorge e Renata, vocês são grandes culpados por isso! Obrigada! <3
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